Curso básico 08

Ancoragem

Fator queda

ATENÇÃO IMPORTANTÍSSIMO

Finalmente temos o trabalho de corda e a escolha de um sistema de segurança, mas antes é preciso rever o que acontece durante uma queda. O guia cai, prêso à corda, duas vezes a distância que o separa da última costura colocada (2H). O que acontece com o sistema de segurança? A energia cinética liberada pela queda do guia tem que ser absorvida pelo sistema de segurança: corda, mosquetões, é o método de segurança usado pelo segundo escalador – principalmente sôb forma de atrito, liberando calôr. Independentemente das outras condições, o choque é absorvido principalmente pelo comprimento da corda (L), que separa os dois escaladores – a corda ativa. As fôrças envolvidas na queda de um guia podem ser expressas grosseiramente por uma relação em Q= 2 X H dividido por L, onde Q = fator de queda, que dá uma idéia da dinâmica das fôrças envolvidas (e absorvidas). O pior tipo de queda ocorre portanto assim, que o guia se desprende da sua ancoragem, até o instante que coloca sua primeira costura. Até então H=L é o fator Q=2. As fôrças envolvidas são muito grandes.
Pouca gente se dá conta de que nestas condições uma corda pode se partir com uma queda de dois metros, tanto como uma de vinte metros. O choque tem, para absorvê-lo, apenas o comprimento (L) já dado pelo sistema.
 

Mesmo em grandes quedas, permite que o choque seja absorvido com uma só mão, pouca corda, e sem maiores impactos ou queimaduras por parte do segundo escalador, que pode usá-lo nos lugares e posições mais incríveis, desde que disponha de um ponto de fixação, árvore, grampo, etc.. à prova de bomba.

Os mosquetões são polias que dirigem o sistema de fôrças criado, e absorvem uma pequena parte da energia pelo atrito com a corda e pelo seu próprio amolejo (no sentido longitudinal). O baudrier completo distribui o impacto de forma uniforme por uma área maior do corpo, e em áreas em que não causem lesões. Do ponto de vista do guia, quanto maior a queda, maior o choque. Daí a vantagem de diminuir (H) e lançando a mão de uma distribuição razoável de costuras. Quanto maior o impacto, maiores são os danos, pessoais e materiais. Daí a vantagem de diminuir o impacto, evitando a queda única – transformando-a ao contrário, uma sucessão de pequenas quedas e , criando atrito com a pedra, evitar o choque seco que irá expor a falhas o sistema de segurança. É bom estar protegidos com roupas grossas, neste caso. O procedimento do guia é portanto, além de treinar os reflexos e adquirir uma “técnica” de queda, proteger-se bem (roupa, capacete, joelheiras, botas etc…), não fazer lances longos sem costura, e saber colocá-las de modo conveniente. Além disto, de rotina, o guia deve antes de sair, verificar a ancoragem do segundo e o método de segurança empregado, estudar o lance e prever a possível queda, verificar se dispõe do material facilmente ou então pegar mosquetões e fitas que o segundo veio recolhendo no lance anterior. E só então desancorar-se e sair para o lance.

Ao completar o lance , ancorar-se a um ponto ( que será a sua primeira costura ao iniciar o lance seguinte), e dar segurança ao segundo por outro ponto (que será a ancoragem do segundo, ao chegar). Evitar a ancoragem dos dois ao mesmo artefato. Do ponto de vista de quem segura é preciso aguentar o choque sem se machucar e sem ser arrancado do lugar. Há vários métodos de segurança disponíveis, nenhum perfeito, mas o que importa é evitar o choque sêco. E aqui surgem dois conceitos de segurança, estática e a dinâmica. A primeira é aguentar o tranco como puder (Q=2H/L ) no braço. A segurança dinâmica tenta aproveitar aquele tempo entre o comêço da queda e o tranco na corda, diminuindo em primeiro lugar (H) – recolhendo a corda ativa livre ( passe duvidoso, porque o tempo de queda é muito rápido, e dificilmente um principiante terá reflexos para isto). O segundo escalador, neste caso o que oferece segurança ao que caiu só precisa observar o seguinte:

– Estar sempre atento a todo instante na escalada do seu companheiro, sem pestanejar, ou conversar com terceiros. – Deixar sempre a quantia certa de corda de que seu companheiro necessite, nunca a deixando com folgas longas, e também nunca a deixando esticada Demais, porque se isto acontecer o seu companheiro não conseguirá escalar, e até mesmo poderá desiquilibrar-se e cair. – não dê segurança ao seu companheiro, se tiver ingerido bebida alcoolica, ou de preferência nem saia de casa. – Se o seu companheiro cair, logo que colocou a primeira costura, e há o perigo dele bater no chão, o segurança deverá retesar (puxar) a corda o mais rápido possível, para diminuir a altura (H).